7º ANO 0 Abril 2021 - O Feudalismo - Renascimento Comercial e Urbano - Queda do Feudalismo

 

O Feudalismo



O feudalismo foi uma forma de organização econômica, social e política que se desenvolveu na Europa ocidental, sobretudo entre os séculos X e XIII. Segundo historiadores, as sociedades feudais mesclavam elementos romanos e germânicos. A própria palavra feudo tem origem germânica e significa “bem oferecido em troca de algo”. Um feudo podia ser, por exemplo, uma extensão de terra, um castelo, uma quantidade de dinheiro. Apesar de não terem se desenvolvido do mesmo modo em todas as regiões da Europa, as sociedades feudais apresentavam algumas características em comum:

o fortalecimento do poder dos senhores locais, que exerciam autoridade administrativa, judicial e militar em suas propriedades;

a hierarquização social (clero, nobres e servos);

o estabelecimento de vínculos de fidelidade entre nobres;

o domínio dos senhores locais sobre um conjunto de servos que trabalhavam no campo;

o declínio das atividades urbanas e a ampliação das atividades rurais, como a agricultura e a criação de animais;

a consolidação do poder religioso, político e econômico da Igreja católica.




Suserania e vassalagem - No feudalismo, houve o fortalecimento do poder local dos nobres. Esses nobres tornaram-se senhores feudais porque detinham terras recebidas como feudos. O senhor feudal governava seu território, onde podia cobrar impostos, manter exércitos e julgar crimes. Para manter o poder, a nobreza feudal estabeleceu, entre si, relações de fidelidade da seguinte maneira:

aquele que tinha mais terras (chamado de suserano) concedia uma parte delas (um feudo) para outro nobre (denominado vassalo);

em troca, o vassalo devia fidelidade ao suserano e, também, devia prestar-lhe diversos serviços.

Provavelmente, essa prática se disseminou a partir da época carolíngia. Os reis francos (povo germânico) costumavam doar terras em troca de fidelidade, serviços e obrigações militares.

 

Divisões sociais - A sociedade feudal era comumente dividida em três ordens ou grupos distintos:

clero ou oratores (termo latino que significa “aqueles que oram”) – eram os membros da Igreja católica. Lidavam com os temas religiosos, administravam os bens da Igreja e tinham muita influência sobre o restante da sociedade. No topo da hierarquia do clero estava o papa. Depois dele, vinham os altos dirigentes: o chamado alto clero (cardeais, arcebispos, bispos e abades). Logo abaixo, estavam os sacerdotes e os monges, que formavam o chamado baixo clero;

nobreza ou bellatores (termo latino que significa “aqueles que combatem”) – eram donos de terras e dedicavam-se, principalmente, às atividades militares. Entre os nobres havia uma hierarquia. No topo ficava o rei, seguido por príncipes, duques, marqueses e condes. Abaixo estavam os cavaleiros. Em tempos de paz, a nobreza dedicava-se a caçar e a fazer torneios, que serviam de treino para guerras e batalhas;

trabalhadores ou laboratores (termo latino que significa “aqueles que trabalham”) – eram a maioria da população, que sustentava a sociedade com seu trabalho. Entre os trabalhadores havia artesãos, comerciantes e camponeses. A maior parte dos camponeses eram servos, que não tinham liberdade. Um senhor feudal podia negociar seus servos com outro senhor – dar, emprestar ou trocar. O servo não podia testemunhar contra um homem livre ou nobre, não podia se tornar membro do clero (padre, bispo ou outro) e era obrigado a pagar muitos impostos. Mas tinha de ser protegido pelo senhor feudal, podia ter alguns bens e não podia ser vendido. Nas sociedades medievais, era bem difícil uma pessoa sair de uma ordem social e passar para outra, principalmente se fosse um camponês. Apenas os homens nobres podiam mudar de ordem, quando se tornavam sacerdotes.

 

Questões:

1) O que foi o feudalismo?

2) Que sociedades diferentes mesclaram elementos que formaram o feudalismo?

3) Cite 3 características do feudalismo.

4) Quais eram os poderes do senhor feudal?

5) Quem era o clero na sociedade feudal?

6) Como eram os representatnes da nobreza na sociedade feudal?

7) Quem sustentava a sociedade feudal?

8) Como era a liberdade dos servos?

 

O trabalho nos feudos - Nos lugares onde predominou o feudalismo, a agricultura e a criação de animais foram as principais atividades econômicas. O feudo era a principal unidade produtora da economia feudal, O comércio pouco existia. Nos feudos eram produzidos cereais, carne, leite, roupas e utensílios domésticos para o consumo de quem nele vivia. Alguns produtos vinham de fora, como sal e ferramentas.

As pessoas que viviam na condição de servos não podiam deixar as terras do senhor feudal. Tinham de trabalhar ali durante toda a vida para o próprio sustento e para manter as outras ordens sociais (nobreza e clero). Os servos tinham uma série de obrigações para com o senhor feudal. Entre essas obrigações, estavam:

a corveia – trabalho de alguns dias por semana nas reservas senhoriais;

a talha – entrega para o senhor feudal de parte dos produtos agrícolas que cultivavam ou dos animais que criavam;

a banalidade – taxa paga ao senhor pelo uso de celeiros, fornos e moinhos.

 

Um novo cenário

Vimos que, no sistema feudal, a economia era basicamente agropastoril, o poder estava descentralizado, ou seja, a figura principal não era de um imperador ou rei, mas sim do senhor feudal. No entanto, aos poucos, todo esse cenário foi se modificando.

 

Trabalho e práticas agrícolas - A partir do século XI, em diversas regiões da Europa, os servos conseguiram melhorar suas relações de trabalho. Às vezes conseguiam aliviar o peso de obrigações como a talha e a corveia. Outras vezes, conseguiam contratos de arrendamento, por meio dos quais os senhores cediam lotes de terra por preços e prazos determinados. Nessa época, também houve mudanças nas formas de uso da terra, com a introdução da rotação de culturas e a ampliação das áreas de plantação. Na rotação de culturas, a terra era dividida em três áreas. Enquanto duas delas eram cultivadas, a outra parte descansava. Essa prática permitia que o solo se recuperasse mais rapidamente. Ao mesmo tempo, foram introduzidos novos instrumentos e técnicas agrícolas. Entre eles, podemos destacar:

a charrua – um tipo de arado grande, puxado por bois ou cavalos;

a ferradura – peça de ferro colocada nos cascos dos cavalos para evitar que se machuquem ao andar;

o moinho – equipamento que serve para moer cereais, esmagar olivas, quebrar minérios, etc. Os moinhos utilizam a água e o vento como fontes de energia.

O desenvolvimento da agricultura proporcionou um aumento da produção de alimentos. Comendo melhor, a mortalidade diminuiu e as pessoas passaram a viver mais. Assim, entre os séculos XI e XIII, houve um significativo crescimento populacional. Observe os dados da tabela, que se referem a áreas das atuais Itália, Alemanha, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Suíça, França, Inglaterra, Espanha e Portugal.

 

Questões:

9) Quais eram as principais atividades econômicas no feudalismo?

10) O que era produzido nos feudos?

11) O que era a corveia?

12) O que era a talha?

13) O que era a banalidade?

14) Cite duas mudanças importantes no feudalismo do século XI.

15) O que é a rotação de culturas?

16) Qual foi o principal resultado do desenvolvimento da agricultura entre os séculos XI e XIV?

 

Analisando a tabela, marque V ou F:

Observação: Não esquecer o ano 1001 pertence ao século XI, o ano 1301 pertence ao século XIV.


17. ( ) A população da Europa Ocidental cresceu de cerca de 22 milhões no século XI para 50 milhões no século XIV.

18. ( ) Entre os séculos XI e XII a população aumentou apenas cerca de 3,7 milhões, enquanto entre os séculos XIII e XIV, o aumento populacional chegou a ser de quase 16 milhões. Tudo isto deve-se muito ao desenvolvimento da agricultura no período.

 

A Igreja católica - A Igreja católica surgiu no final do Império Romano. Mas ela se consolidou e se fortaleceu como instituição durante a Idade Média, principalmente depois que os francos se converteram ao catolicismo no século V. A partir daí, aos poucos, a Igreja católica se transformou em uma instituição poderosa do ponto de vista religioso, político e econômico. A Igreja conquistou um grande número de fiéis em várias regiões europeias, o que criou uma certa unidade cultural entre as sociedades medievais da Europa ocidental. Essa unidade se expressava, por exemplo, nos valores cristãos e no idioma latino. O latim (idioma oficial da Igreja) era utilizado principalmente por membros do clero e da nobreza. Além disso, a Igreja católica acumulou uma enorme riqueza, proveniente de doações de fiéis e concessões de reis e nobres. Assim, a Igreja tornou-se a maior detentora de terras da Europa ocidental, chegando a controlar cerca de um terço das áreas cultiváveis numa época em que as atividades agrícolas eram fundamentais

para a economia.

Durante a Idade Média foram fundadas várias ordens religiosas, como a dos beneditinos, carmelitas, franciscanos e dominicanos. O clero regular era formado por monges que viviam nos mosteiros ou nos conventos e que seguiam as regras de sua ordem religiosa. Os monges dedicavam seu tempo à vida religiosa, ao cultivo dos campos, ao artesanato e aos trabalhos intelectuais. Foram eles, em boa parte, que copiaram e conservaram importantes obras de autores gregos e romanos. Preservando a cultura da Antiguidade, os mosteiros medievais transformaram-se em centros de ensino, com escolas e bibliotecas.

Entre os séculos V e X, a Igreja católica exerceu forte influência na educação, fundando escolas junto aos mosteiros e às catedrais. Posteriormente, a partir do século XI, foram criadas universidades que também receberam a influência da Igreja. No entanto, algumas delas conseguiram se desenvolver com relativa autonomia. Uma universidade completa tinha cursos de Teologia (que incluía Filosofia), Artes (que incluía Ciências e Letras), Direito e Medicina. Entre as primeiras universidades europeias destacam-se as de Bolonha (Itália), Paris (França), Oxford (Inglaterra), Salamanca (Espanha) e Coimbra (Portugal). Os estudos universitários eram privilégio da elite. Em geral, os cursos custavam caro e duravam muito tempo. Um jovem costumava iniciar seus estudos aos 15 anos e encerrá-los aos 30 anos.

 

A Inquisição - Apesar do poder da Igreja, nem todas as pessoas seguiam rigorosamente suas orientações. Algumas tinham crenças e costumes próprios, com frequência mais antigos que o cristianismo. Exemplos disso eram o culto a certos animais e as práticas de adivinhações e de encantamentos. As escolhas religiosas ou opções discordantes da Igreja eram chamadas de heresias. Aqueles que defendiam ou praticavam heresias eram considerados hereges ou heréticos. Para combatê-las, o papa Gregório IX criou, em 1233, os Tribunais da Inquisição, cuja função era descobrir e julgar os hereges. O processo contra uma pessoa acusada de heresia podia demorar anos, e a investigação podia incluir torturas aos suspeitos. Os condenados pela Inquisição eram excluídos da comunidade dos católicos (excomungados) e entregues às autoridades do Estado para serem punidos. As penas iam desde a perda dos bens até a morte na fogueira.

A partir do final do século XV, milhares de mulheres foram perseguidas pela Inquisição e acusadas de praticar feitiçaria. Calcula-se que cerca de 90 mil mulheres tenham sido condenadas e queimadas na fogueira.

 

Questões:

19) Como era o poder da Igreja Católica na sociedade medieval?

20) Qual era a relação da Igreja como a educação na sociedade medieval?

21) O que eram as “heresias”?

22) O que acontecia com um “herege”?

23) O que aconteceu com muitas mulheres no final do século XV?

 

O renascimento comercial e urbano.



’              As atividades comerciais na Europa também se intensificaram, sobretudo a partir do século XI. Para melhorar a circulação de mercadorias, desenvolveram-se rotas comerciais marítimas e terrestres. Essas redes de comércio marítimo eram interligadas por rotas terrestres. Elas aproveitavam, em boa parte, as antigas estradas construídas na época dos romanos. Mas novas vias de transporte também foram construídas. Desde o século XII, feiras eram organizadas nos arredores das rotas de comércio. Essas feiras podiam durar semanas e reuniam pessoas de várias regiões para vender e comprar produtos como especiarias, vinho, azeite, seda, perfumes, sal, açúcar, madeiras, couros e mel. Entre as grandes feiras, destacavam-se as de Champagne, Flandres, Veneza, Gênova, Colônia e Frankfurt. Posteriormente, importantes cidades se desenvolveram nesses locais. Com o comércio, cresceu a produção artesanal. Os artesãos organizaram-se em corporações de ofício, também conhecidas como guildas ou grêmios. Havia corporações de ferreiros, tecelões, carpinteiros, sapateiros, entre outros. As corporações regulamentavam o exercício da profissão e controlavam o fornecimento, a qualidade e o preço dos produtos.

 A partir do século XIII, a vida ficou mais movimentada em várias cidades. Algumas delas tinham portos e eram grandes centros comerciais. Além disso, as cidades eram espaços de convívio e lazer. Nelas existiam praças, feiras, igrejas e escolas. As pessoas participavam de festas, que podiam ser religiosas, como a de Corpus Christi, ou não religiosas, como o Carnaval. De modo geral, podemos dizer que as festas e cerimônias patrocinadas pela Igreja e pela nobreza eram mais controladas. Já nas festas populares, as pessoas riam e se divertiam, ao mesmo tempo que criticavam os costumes. Havia, por exemplo, encenações cômicas de teatro e paródias que recriavam trechos da Bíblia, orações e lendas. As festas populares costumavam ser exibidas nas ruas e praças. Nelas era comum a presença de artistas, como palhaços, malabaristas, mágicos e atores.

 

Os burgueses - Durante a Idade Média, várias cidades eram cercadas por altas muralhas, formando um núcleo chamado de burgo. Desse termo surgiu a palavra burguês, usada em referência aos comerciantes ou artesãos que viviam no burgo. Com o aumento da população, os burgos estenderam seus limites para fora das muralhas. O crescimento do comércio e do artesanato contribuiu para que os burgueses ficassem mais independentes dos senhores feudais. A princípio, os burgueses pagavam tributos aos nobres ou ao clero, pois viviam em áreas dominadas por eles. Em troca desse pagamento, negociavam o direito de livre comércio, proteção militar e liberdade para administrar as cidades. Muitas vezes, porém, a autonomia das cidades foi conquistada por meio de lutas.

 

Cruzadas - As Cruzadas foram expedições militares organizadas por autoridades da Igreja católica e por poderosos nobres da Europa ocidental. Essas expedições não tinham apenas soldados treinados: elas também eram acompanhadas por grupos não armados de monges, mulheres e crianças. Esses grupos quase sempre morriam durante os combates ou pelo caminho, sofrendo com a fome e as doenças. As Cruzadas mais importantes foram as que se dirigiram ao Oriente Médio entre os séculos XI e XIII. Seu objetivo declarado era libertar os cristãos e os lugares considerados sagrados. As Cruzadas combateram aqueles que ameaçavam o catolicismo, o poder do clero ou o domínio dos nobres. Além disso, algumas expedições tiveram motivações econômicas, como a possibilidade de obter lucro com o saque de riquezas dos inimigos. Cada Cruzada teve sua própria característica e consequência. De modo geral, podemos dizer que as Cruzadas contribuíram para:

o empobrecimento de alguns senhores de terras, que tiveram suas economias arrasadas pelos custos das guerras;

o fortalecimento do poder real, que aumentava à medida que os senhores feudais perdiam sua força;

o desenvolvimento do comércio em certas regiões da Europa e do Oriente.

As conquistas cristãs no Oriente duraram pouco, pois os territórios foram sendo reconquistados pelos muçulmanos a partir do século XIII. Os ressentimentos entre cristãos e muçulmanos permanecem até hoje e ainda são usados com objetivos políticos.

 

Crises medievais - A partir do século XIV, houve na Europa queda na produção agrícola, epidemias, revoltas populares e longas guerras. Isso gerou uma crise na sociedade medieval. Nesse período, as melhores terras já tinham sido ocupadas para a produção de alimentos e ficou difícil continuar a expansão agrícola. Muitos nobres, por exemplo, impediram que mais florestas fossem derrubadas para o cultivo. Eles queriam preservar essas áreas para a caça e a extração de madeira, mel e frutas. Além disso, os problemas na agricultura se agravaram em razão de guerras, fatores climáticos (secas, geadas e inundações) e técnicas inadequadas de cultivo. Assim, iniciou-se um período de escassez de alimentos, que levou milhares de pessoas à fome. Enfraquecidos pela fome ou pela subnutrição, muitos europeus ficaram vulneráveis a doenças. Algumas delas tornaram-se verdadeiras epidemias, como foi o caso da peste negra. A peste negra foi um surto de peste bubônica, uma doença contagiosa e letal que vitimou milhões de pessoas no século XIV. Era provocada por um microrganismo encontrado com frequência em ratos. A peste podia ser transmitida por pulgas que picavam ratos e depois seres humanos, pela tosse ou pelo hálito de pessoas contaminadas. Naquela época, não havia remédios para a peste. Em termos práticos, a melhor solução para evitar a doença era ficar isolado dos focos da epidemia. Muitos acreditavam que a doença era um castigo de Deus e organizavam orações e procissões suplicando a misericórdia divina. Estudiosos calculam que cerca de um terço da população europeia tenha morrido por causa dessa doença.

 

Questões:

24) Como eram as feiras medievais?

25) O que faziam as corporações de ofício?

26) Como era a vida nas cidades a partir do século XIII?

27) Como eram os burgueses?

28) O que foram as cruzadas?

29) Cite as 3 principais contribuições das cruzadas.

30) Que mudanças aconteceram a partir do século XIV?

31) O que foi a peste negra?

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