8º ano - Revolução Inglesa e Revolução Industrial

 


A Revolução Inglesa:

Durante a dinastia Tudor, que governava a Inglaterra, havia uma relativa harmonia entre as elites inglesas. No entanto, após a morte de Elizabeth I (1533-1603), última governante daquela dinastia, ocorreram diversos conflitos envolvendo, sobretudo, a monarquia e o Parlamento inglês. Esses conflitos fizeram parte de um processo que foi chamado de Revolução Inglesa (1642-1689). A Revolução Inglesa promoveu grandes transformações políticas, sociais e econômicas naquele país.

O processo de revolução foi turbulento com quedas de reis, os ingleses também passaram por um período republicano e até guerra civil (1642-1648). No fim de uma longa disputa de poder entre os monarcas e parlamento, em 1689, ao assumirem o trono inglês, como Guilherme III e Maria II, os novos reis tiveram de assinar uma Declaração de Direitos (Bill of Rights), na qual o Parlamento limitava os poderes da monarquia em vários aspectos. O rei não poderia, por exemplo, suspender nenhuma lei nem aumentar impostos sem a aprovação do Parlamento. Estabelecia-se, assim, a superioridade da lei sobre a vontade do rei. Isso representava o fim definitivo do absolutismo na Inglaterra. O processo que envolveu a deposição de Jaime II e a ascensão de Guilherme III e Maria II ao trono ocorreu sem derramamento de sangue. Por isso, foi chamado de Revolução Gloriosa. A Revolução Gloriosa instituiu uma monarquia parlamentar na qual o Parlamento controlaria o governo elaborando as leis do país. Com isso, ficou consagrado que o Estado deveria ser governado pela vontade da lei, e não pela vontade do governante.

A monarquia parlamentar vigora na Inglaterra até hoje. Para caracterizar a nova condição da monarquia inglesa, tornou-se costume dizer que “o rei reina, mas não governa”. Isso significa que o poder político não é exercido pelo monarca, mas sim por um gabinete de governo fiscalizado pelo Parlamento. Assim, a função do rei ou rainha é, basicamente, representar seu país em cerimônias e eventos públicos nacionais e internacionais. Exerce também a chefia da Igreja anglicana, religião de 43% da população do Reino Unido.

A Revolução Gloriosa também promoveu transformações na economia. As medidas adotadas tornaram o país a maior potência comercial e marítima da época e extinguiram o sistema feudal. O número de navios duplicou, expandindo o comércio inglês em várias partes do mundo. Esses navios foram muito utilizados no tráfico de africanos escravizados, que era uma das principais fontes de riqueza dos ingleses. O lucro acumulado pelos negociantes, donos de navios mercantes e banqueiros foi, em parte, investido no sistema industrial nascente. Lançavam-se as bases do capitalismo industrial. Os ingleses também passaram a desfrutar de mais liberdade religiosa. O anglicanismo era a religião oficial do país, mas foram toleradas outras práticas religiosas. Isso não acontecia em outras sociedades europeias em que a religião do rei devia ser seguida pelos súditos, prevalecendo o princípio: “Um rei, uma fé, uma lei”. A monarquia parlamentar também proporcionou maior liberdade de expressão política e filosófica. Por isso, o regime inglês era admirado por iluministas de várias regiões da Europa no século XVIII, a exemplo do filósofo francês Voltaire. As características do regime, conhecido como liberalismo inglês, inspiraram ideais presentes na Independência dos Estados Unidos (1776) e na Revolução Francesa (1789).

 

Questões:

1) O que marca o fim do absolutismo na Inglaterra?

2) Em que consistia a “declaração dos direitos”?

3) Explique a frase: “o rei reina, mas não governa”.

4) Cite três transformações promovidas pela Revolução Gloriosa.

 


A Revolução Industrial



A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra por volta de 1760, foi um conjunto de mudanças profundas no modo de os seres humanos produzirem mercadorias, viverem e se relacionarem uns com os outros. Antes da Revolução Industrial, as formas de produção predominantes nas cidades europeias eram o artesanato e a manufatura. No artesanato, as tarefas eram feitas geralmente pela mesma pessoa. No caso da confecção de sapatos, por exemplo, era o sapateiro quem criava o modelo, cortava, costurava e colava o couro. O artesão era o dono da matéria-prima e das ferramentas; a oficina ficava na sua própria casa.

A partir do século XV, com as Grandes Navegações e as conquistas de mercados na África, na Ásia e na América, aumentou muito a procura por produtos europeus. Muitos negociantes da Europa passaram, então, a reunir trabalhadores em grandes oficinas e a oferecer-lhes a matéria-prima e uma remuneração pelo serviço realizado. Essa forma de produção é chamada de manufatura. Nela, a oficina e as ferramentas pertencem ao capitalista e cada trabalhador faz uma parte do trabalho.

Depois, com a criação de máquinas industriais movidas a vapor, ocorreram mudanças profundas. Cada uma dessas máquinas substituía diversas ferramentas e realizava o trabalho de várias pessoas. As pessoas foram deixando de trabalhar em casa, ou em oficinas, e passaram a trabalhar em fábricas para um patrão em troca de salário. Essa nova forma de produção recebeu o nome de maquinofatura.




Foi na Inglaterra que se desenvolveram as primeiras máquinas movidas a vapor. Foi lá também que se viram pela primeira vez as fábricas. Entre os fatores que favoreceram o pioneirismo inglês na Revolução Industrial, podemos citar:

• os capitais acumulados por meio da pirataria na costa da Ásia, da África e da América e do comércio (incluindo o tráfico de escravos) com as colônias e outros países;

• a mão de obra farta e barata, uma vez que milhares de camponeses haviam sido obrigados a se mudar para as cidades por causa dos cercamentos, que os expulsaram de suas terras;

• a existência de ricas minas de carvão e de ferro (necessários para a indústria) e de um comércio interno que se desenvolveu bastante, graças à abolição dos antigos direitos feudais;

• a força do puritanismo, que não condenava o lucro e que pregava uma vida disciplinada e voltada para o trabalho e para a oração;

• a Revolução Gloriosa (1688), que conferiu estabilidade política e criou condições para o desenvolvimento do capitalismo na Inglaterra.

Na Inglaterra, a primeira indústria a utilizar máquinas – ou seja, a se mecanizar – foi a de tecidos de algodão. O empresariado inglês interessou-se por esse ramo porque havia uma grande procura por esses tecidos em todo o mundo. Além disso, o algodão vindo do Oriente, dos Estados Unidos e do Brasil (produzido por escravizados) era relativamente barato. Visando produzir tecidos de boa qualidade a um custo mais baixo, os capitalistas ingleses passaram a oferecer prêmios em dinheiro para quem inventasse máquinas de fiar e tecer.

Inicialmente, as máquinas eram feitas basicamente, de madeira. A utilização do vapor, contudo, exigia material mais resistente. Essa necessidade levou ao aperfeiçoamento da metalurgia. Aos poucos, as máquinas passaram a ser feitas com ferro, e a energia do vapor pôde ser aplicada a diversos ramos da indústria. Daí a criação do barco e da locomotiva a vapor, inventos que revolucionaram os meios de transporte no século XIX.

 

Indústria e mudanças socioeconômicas

A Revolução Industrial contribuiu para a consolidação do capitalismo (modo de produzir mercadorias que se baseia no trabalho assalariado e na busca do lucro). Formaram-se duas novas camadas sociais: a burguesia industrial (donos das matérias-primas, das fábricas e das máquinas) e o operariado (que trocava sua força de trabalho por um salário). Com o advento da fábrica, ocorreram uma divisão muito maior do trabalho e, consequentemente, um aumento da produtividade, isto é, passou-se a produzir mais em menos tempo. E o trabalhador perdeu o conhecimento do processo de produção como um todo.

 

Questões:

5) O que foi a Revolução Industrial?

6) Quais eram as formas de produção predominantes nas cidades europeias antes da Revolução Industrial?

7) Como era o artesanato quanto as tarefas de produção das mercadorias?

8) No artesanato quem era o dono da matéria-prima e das ferramentas?

9) Como era a forma de produção chamada de manufatura?

10) Na manufatura quem era o dono da matéria-prima e das ferramentas?

11) O que mudou depois da criação de máquinas industriais a vapor? Identifique duas mudanças apontadas no texto.

12) Cite e explique os fatores que contribuíram para o pioneirismo inglês na Revolução Industrial.

13) Qual foi a primeira indústria a se mecanizar?

14) Identifique dois motivos apontados no texto que favoreceram a industrialização dos tecidos de algodão.

15) Cite os inventos que revolucionaram os meios de transporte no século XIX.

16) Como é o modo de produção capitalista?

17) Que camadas sociais foram surgiram com a Revolução Industrial?

18) Informe o que aconteceu, citando as consequências oriundas do advento da fábrica.

a) Sobre a divisão do trabalho.

b) Sobre o que aconteceu com a produtividade.

c) Sobre o que mudou no tocante ao trabalhador.

 


Os Impactos da Revolução Industrial

As mudanças provocadas pela Revolução Industrial foram muitas e aconteceram em ritmo acelerado. Entre essas mudanças, podemos citar:

 

1a) Aumento da população mundial. Nos 100 primeiros anos da Revolução Industrial, a população mundial subiu de 600 milhões para 1,2 bilhão de habitantes. A população da Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia) aumentou mais de três vezes. Esse aumento deveu-se, sobretudo, às melhorias técnicas ocorridas na agricultura e ao desenvolvimento da medicina.

 

2a) Crescimento dos transportes terrestres. Em meados do século XIX, as ferrovias e o trem já tinham uma importância enorme na Europa e nos Estados Unidos. Uniam campos a cidades, diminuíam o tempo das viagens e agilizavam o transporte de alimentos, contribuindo para evitar as crises de fome que atingiam os europeus com frequência. Crescia, assim, a passos largos, a circulação de pessoas e mercadorias.

 

3a) Desenvolvimento do transporte por rios e mares. Diante do custo do transporte terrestre, os europeus voltaram-se para o transporte por rios e mares. Os habitantes da Inglaterra e da França foram os primeiros a construir canais unindo as cidades fabris; já a ligação entre esses dois países era marítima e se fazia em navios a vapor. Em 1860, as grandes companhias londrinas de navegação a vapor transportavam produtos, pessoas e notícias para diversas partes da Terra, do Ocidente ao Oriente. No tocante às migrações, entre 1850 e 1880, cerca de 22 milhões de pessoas partiram da Europa em busca de uma vida melhor em outros continentes. Parte delas veio para o Brasil. Os imigrantes europeus aqui chegados trouxeram, em suas bagagens, costumes, alimentos, técnicas e linguagens que tornaram a nossa cultura mais rica e mais variada. O crescimento da população, da produção e do consumo, o desenvolvimento dos transportes (trem e barco a vapor) e o aumento crescente da circulação de pessoas, produtos e ideias – tudo isso mudou o modo de os seres humanos viverem e perceberem o tempo. As pessoas tornaram-se mais apressadas. Era preciso negociar: vender e comprar com mais agilidade e em maiores quantidades, o que levou ao grande desenvolvimento do comércio internacional.

 

Questões:

18) Cite os três principais impactos da Revolução Industrial.

19) Como aumentou a população mundial com a Revolução Industrial?

20) O que explica o aumento da população mundial com a Revolução Industrial?

21) Como foi o crescimento dos transportes terrestres no período da Revolução Industrial?

22) Como foi o crescimento dos transportes por rios e mares no período da Revolução Industrial?

23) O que os imigrantes europeus trouxeram para o Brasil?

 

 

Leia o texto a seguir sobre o cotidiano de uma fábrica e responda a questão 24.

 

Todos os dias, o apito pungente da fábrica cortava o ar esfumaçado e pegajoso que envolvia o bairro operário e, obedientes ao chamado, seres sombrios, de músculos ainda cansados, deixavam seus casebres acanhados e escuros, feitos baratas assustadas.

 

Fonte: GORKI, Maximo. Mãe. Rio de Janeiro: Companhia Editora Americana, 1972. p. 9. Apud AQUINO, Jacques et al. História das sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais. 26. ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1995.

 

24) De acordo com o texto, quais eram as condições de trabalho nas fábricas após a Revolução Industrial?

 

Leia o texto a seguir, sobre o “tempo da natureza e o tempo do relógio”, e responda as questões 25 e 26 .

 

Para os trabalhadores, a mudança para as cidades significou a adoção de novos hábitos, que conflitavam com as tradições comunitárias e familiares que aproximavam as pessoas do campo. Nas áreas rurais, a medição do tempo, como acontece ainda hoje em muitas regiões, estava relacionada ao tempo da natureza, com base na movimentação do Sol. Nas cidades, entretanto, eles conheceram o tempo do relógio. O tempo da natureza está associado aos ciclos da natureza e às atividades diárias: hora do amanhecer e do anoitecer, hora de arrebanhar o gado, hora de colher os grãos, hora de ordenhar as vacas e hora em que as chuvas cessavam. Sem necessidade de pressa, os trabalhadores conduziam sua vida no ritmo das atividades agrícolas e pastoris. Já o tempo do relógio relaciona-se à necessidade de sincronizar o trabalho das fábricas. A própria máquina, com seus movimentos mecanicamente sincronizados, foi um instrumento poderoso de controle do tempo dos operários. Assim, com o relógio, foi possível disciplinar o horário de entrada e saída dos trabalhadores, o horário de almoço e o tempo gasto para realizar as tarefas produtivas.

 

25) Diferencie o tempo da natureza do tempo do relógio.

 

 

26) De que maneira a “disciplina do relógio” pode ser observada em nosso cotidiano? (resposta pessoal)

 

 

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